Ouça-me, ressoa-se, por Yudi Rafael

Créditos da imagem: Sergio Pinzón

Nos últimos anos, Thiago R tem investigado diferentes modos de trabalhar com o som, quase sempre através da construção de traquitanas que, inspiradas no lema “faça você mesmo”, ora funcionam como maquinário a operar através de vibrações sonoras, para produzir desenhos e pinturas, ora como captadores e amplificadores de sons que são então colocadas a disposição do público, por vezes depuradas de outros ruídos pelo uso de fones de ouvido.

Na presente edição do projeto Corredor397, o artista apresenta o trabalho “Ouça-me, ressoa-se”, no qual o visitante é convidado à experiência de uma escuta amplificada da estrutura arquitetônica do espaço. Microfones de contato, amplificadores e fones de ouvido, conectados entre si e instalados ao longo do corredor, evocam a imagem de grandes estetoscópios, instrumentos amplamente utilizados em clínicas médicas, pelos quais o som do batimento cardíaco, por exemplo, é amplificado e transformado em índice sonoro de operações vitais ao organismo humano, constituindo assim sinal legível ao profissional da saúde.

Desprovido da função clínica do estetoscópio, e da subjacente preocupação na identificação de distúrbios, o trabalho do artista incita uma escuta lúdica, ainda que apurada, revelando ao espectador sons até então quase imperceptíveis. Parte dos microfones de contato são fixados em áreas ao alcance do público, sugerindo a possibilidade de uso do próprio corpo para a produção de estímulos nas superfícies dos canos, paredes e janelas no entorno, fazendo ecoar o convite escrito em letras garrafais na parede do corredor: “OUÇA-ME, RESSOA-SE”.